Visita de estudo à Sinagoga do Porto Versão para impressão

No passado dia 17 de janeiro de 2014, guiados pelo Dr. Hugo Vaz e na presença da Dr.ª Isabel Ferreira Lopes, neta do Capitão Barros Basto, os alunos envolvidos no Projeto N.O.M.E.S. visitaram a Sinagoga Kadoorie Mekor Haim (“Fonte de Vida”) do Porto: a única Sinagoga da Europa construída em 1938, ano em que estas andavam a ser destruídas e incendiadas (Noite de Cristal).

Com o auxílio da Dr.ª Isabel Lopes, o Dr. Hugo Vaz começou por explicar aos alunos o que era ser um Judeu (filho/a de mãe Judia), as suas obrigações e os mais importantes princípios e celebrações festivas da religião hebraica, tendo, assim, mostrado aos alunos alguns dos símbolos judaicos mais característicos: o escudo supremo de David (vulgo Estrela de David), a Menorá (candelabro de sete braços) e o Talit (xaile). Falaram-lhes também um pouco sobre a história dos Judeus em Portugal, tendo sido salientada a expulsão e a conversão forçada no reinado de D. Manuel I, alguns episódios das perseguições da Inquisição aos cristãos-novos (Judeus sujeitos à conversão forçada ao Cristianismo) e o aparecimento do fenómeno do Marranismo - os marranos eram os Judeus convertidos ao Cristianismo e que continuavam a observar clandestinamente os seus antigos costumes e a sua religião.

Neste contexto, foi salientado o papel do Capitão Artur Carlos Barros Basto (1887-1961), um homem com antepassados Judeus que se converte ao Judaísmo em Marrocos (passando a adotar o nome hebraico Abraham Israel Ben-Rosh) e que trabalhou toda a sua vida para a recuperação das comunidades criptojudaicas (marranas) através da «Obra do Resgate». Sobre esta personagem, os alunos puderam contar com o depoimento da sua neta que ainda conviveu até aos oito anos ao lado do avô e que explicou que este foi uma figura importante na sociedade portuense, tendo sido Barros Basto quem hasteou a bandeira republicana na varanda da Câmara Municipal em outubro de 1910, e um grande herói nacional da I Guerra Mundial. Os alunos ficaram também a conhecer todo o processo de perseguição, por motivos religiosos e políticos, de que Barros Basto foi alvo durante o Estado Novo e que conduziu à sua expulsão do Exército em 1937. A luta pela reabilitação da sua memória foi feita pelos seus familiares após a sua morte, tendo apenas sido conseguida em 2012, já com a intervenção da sua neta.
Depois desta introdução, os alunos foram conduzidos ao Museu Barros Basto que está patente na Biblioteca da Sinagoga, onde lhes foram apresentados alguns dos documentos sobre os refugiados Judeus no Porto durante a 2ª Guerra Mundial e também alguns objetos pessoais do Capitão Barros Basto, nomeadamente as medalhas de mérito que este recebeu.
Esta visita decorreu num ambiente informal e acolhedor, tendo sido deveras enriquecedora para os alunos envolvidos no Projeto, pois com ela esclareceram diversas dúvidas sobre o trabalho que estão a realizar (estudo da Comunidade Judaica do Porto antes, durante e após a II Guerra Mundial) e adquiriram informações adicionais sobre as temáticas em estudo.