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Entre os dias 15 e 18 de junho de 2017, o Projeto N.OM.E.S. do Agrupamento de Escolas de Vilela, em articulação com a Memoshoá e a Pinto Lopes Viagens, dinamizou a visita de estudo «A minha Escola vai a Auschwitz», onde participaram 25 docentes e 10 alunos, sob a orientação do historiador Ricardo Presumido da Memoshoá. Esta atividade permitiu aos participantes na visita de estudo (alguns alunos do Projeto) conhecer, com alguma profundidade, os seguintes espaços e memoriais ligados à história do Judaísmo na Polónia, da II Guerra Mundial e do Holocausto, em particular: Bairro de Casimiro em Cracóvia (antigo Bairro Judaico da cidade); Museu Judaico da Galícia; Gueto de Cracóvia; Farmácia do Justo Tadeusz Pankiewicz “Pod Orlem”; Museu de Cracóvia sob a ocupação nazi (1939-1945) na antiga Fábrica de Oskar Schindler; memorial do Campo de Concentração de Plaszow e diversos locais da rodagem do filme «A Lista de Schindler»; Campo de concentração e extermínio de Aushcwitz I e Birkenau; Sinagoga Stara; Memorial do poeta Mordechai Gebirtig e do resistente polaco Jan Karski.
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Durante a visita foram transmitidos conhecimentos sobre a história da Polónia e da cidade de Cracóvia; a história dos judeus na Polónia e em Cracóvia antes, durante e após a II Guerra Mundial e sobre todo o processo de construção ideológica e concreta do processo da «Solução Final» ou extermínio dos judeus durante o Nazismo, com especial destaque para a história do Campo de Auschwitz e Birkenau, permitindo que os alunos (e docentes) aprofundassem os seus conhecimentos sobre este período tão importante da história mundial. Para além da história dos espaços e dos contextos, foram apresentados nomes e rostos de histórias individuais ligados a esta época histórica, das quais se destaca: a de Tadeusz Pankiewicz, o único farmacêutico não judeu cuja farmácia permaneceu em funcionamento no Gueto de Cracóvia após a criação deste espaço e que assim salvou muitos judeus, abrigando também inúmeros elementos da resistência; a do carpinteiro e poeta ídiche Mordechai Gebirtig, assassinado durante uma das rusgas ao Gueto de Cracóvia, no dia 4 de junho de 1942; a de Jan Karski, elemento da resistência polaca que, com apenas 28 anos, protagonizou uma das maiores missões levadas a cabo durante a Segunda Guerra Mundial – um périplo por diversos continentes, em 1942, para informar os líderes ocidentais de que o Holocausto decorria em pleno; a de Primo Levi, químico judeu italiano que foi prisioneiro em Birkenau e Auschwitz III (Buna) entre fevereiro de 1944 e a libertação do campo a 27 de janeiro de 1945, pelas tropas soviéticas, e que nos deu um dos mais importantes testemunhos do que foi o Holocausto através de vários livros, entre os quais destacamos «Se isto é um Homem», cujo poema inicial lemos num dos barracões de Birkenau; ou a de Benjamin Fondane, poeta e filósofo judeu nascido na Roménia, que viveu em França e foi assassinado pelos nazis em Auschwitz e cujo um dos seus últimos poemas, «Prefácio em Prosa», lemos junto do memorial onde iniciamos e terminamos esta visita: em memória dos 65 mil judeus de Cracóvia que foram assassinados pelos nazis durante o Holocausto. Para além destes espaços e memoriais, os participantes tiveram ainda a possibilidade de visitar o centro histórico de Cracóvia, com especial destaque para a Colina Wawel, onde se situam o Castelo Real e a Catedral, o quarteirão da Universidade de Cracóvia, o Jardim Planty ou a Praça do Mercado e ainda provar a excelente gastronomia polaca ou judaica e ouvir um pequeno concerto de música Klezmer (música judaica do Leste europeu, típica dos judeus asquenazes). Foram quatro dias intensos, onde os alunos destacaram com especial emoção e diferentes sentimentos, a visita a Auschwitz e Birkenau, sem deixarem de se maravilhar pela beleza da cidade de Cracóvia, onde desejam voltar. Foi, de facto, uma viagem inesquecível.
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